O Espaço Perdido do Nefrologista na Biópsia Renal Percutânea.
- joselascano79
- 29 de ago.
- 1 min de leitura

Essa imagem representa mais do que um procedimento médico: é um símbolo de território perdido.
Durante décadas, a biópsia renal foi quase que exclusivamente executada por nefrologistas, uma ferramenta diagnóstica insubstituível para entender a doença renal, guiar terapêuticas e até prever a evolução para doença renal terminal.
No entanto, ao longo do tempo, esse protagonismo foi sendo transferido para radiologistas intervencionistas. E isso aconteceu apesar de a biópsia percutânea, quando realizada por profissionais treinados e em centros estruturados, apresentar baixas taxas de complicações graves: hemorragia que exige transfusão em menos de 1% dos casos, necessidade de intervenção cirúrgica ou nefrectomia em menos de 0,01% e mortalidade inferior a 0,02%.
Estamos diante de um paradoxo: um procedimento central para a prática nefrológica, com excelente perfil de segurança e alto valor diagnóstico, sendo progressivamente retirado do campo de atuação daqueles que mais compreendem sua indicação, interpretação e implicações clínicas.
O que perdemos não é apenas um ato técnico, mas um elo direto entre diagnóstico e decisão terapêutica. A distância entre quem indica e quem executa pode significar menos integração, menos ensino prático para novos nefrologistas e, possivelmente, menor protagonismo da nossa especialidade no manejo ativo das doenças renais.
Talvez seja hora de transformar o “temor” pelo risco do procedimento em respeito pela técnica e o “terror” de complicações em compromisso com treinamento, padronização e excelência. A biópsia renal ainda é, e deve continuar sendo, um marco na nefrologia.






Comentários